quarta-feira, 28 de março de 2012


...Hoje estou me sentido órfã de pai e mãe.
Com um buraco no estômago, um vazio...
Sensação de abandono.
Como bem disse André Barcinski:
“O mirante de Ipanema está vazio. Estamos sozinhos. Agora é cada um por si.”
E hoje, inevitavelmente, chorei.



sexta-feira, 23 de março de 2012

O quintal lá de casa...


Eis o quintal de casa...
E é no meio desse ‘nada’ que eu me sinto muito. Muito pequena, muito simples, com uma certa leveza e um tanto quanto equilibrada.
E eu não preciso de muito pra viver, nem para dividir, muito menos para perceber que é tão pouco que eu preciso para ser eu mesma.
Diante de tamanha grandiosidade da mãe natureza é que eu me sinto muito, inclusive agradecida por perceber que minha bagagem será sempre pequena, porque não será preciso eu carregar quase nada para continuar escrevendo a minha história, caminhando serena, porém feliz. 

Escrito por Renata Motta.

quinta-feira, 22 de março de 2012

O Mundo pertence ao sem Noção.


Não é engraçado quando nos esquecemos do que nos traz a um determinado lugar ou ação? Pois bem, esse blog só começou porque em um momento da  minha vida  eu tive um perturbador e revelador insight! Eu explico.
Há mais de dez anos atrás, eu aguardava um ônibus em uma manhã chuvosa de domingo a caminho do trabalho e você consegue, por esse pequeno descritivo, imaginar a alegria que me dominava naquele dia, não é? Estava acompanhada com mais oito felizardos que compunham aquele ponto de ônibus quando de repente, fomos abordados um a um por uma senhora, aparentando uns sessenta e cinco anos, bem disposta, com um a voz fininha, agudinha, perguntando em que local ela poderia encontrar um telefone para chamar um taxi. Percebi nitidamente que não se tratava de nenhuma emergência, mas a pergunta era sempre a mesma, sem nenhuma pausa para um respiro e por mais de oito vezes:
- “Sabe onde tem telefone pra taxi? “ Sabe onde tem telefone pra taxi? “Sabe onde tem telefone pra taxi?”...
O meu cérebro já quase derretendo, tomou a iniciativa de não só pegar o meu próprio telefone, como também ligar para um taxista com intuito de fazer aquela pequena e insistente criatura sumir daquele meu domingo chuvoso e preguiçoso. Foi aí que percebi algo que mudaria minha vida por completo, a consciência de que definitivamente o mundo pertence às pessoas sem a mínima noção. Porque mesmo sem um pingo de bom senso a pequenina mala conseguiu o que queria; chamar seu taxi. E eu, continuava no ponto de ônibus e na chuva.  Aí você me questiona:
- Oras bolas, mas por que não pegou uma carona com a mulher? E eu te respondo: Nem morta! Provavelmente ela me faria pagar o taxi, sem falar naquela voz destruindo o que restara do meu cérebro...
Depois desse dia comecei a ficar mais atenta à síndrome ‘Velhinhas do taxi’ e percebi que existia uma grande quantidade de pessoas que ganhavam ou conquistavam o que almejavam por pura insistência, ou pela nítida falta de noção. Eles não têm a menor preocupação com o incomodo alheio, discernimento do certo ou errado, não são dotados de sendo crítico. Não se preocupam com etiqueta, se a ocasião exige gíria ou português coloquial, se serão amados ou odiados, em suma, eles estão cagando para a nossa percepção em relação a eles.
Com o tempo percebi que esse numero de alienígenas só tem aumentado, parecem brotar do chão, se multiplicando aos montes, vejamos o Youtube e o Congresso Nacional, lotados de pessoas com este predicado.
O interessante é que enquanto analisamos, o sem noção captura. Enquanto planejamos, ele se arrisca. Enquanto nos preparamos, ele se aventura. Enquanto ensaiamos, ele discursa. O sem noção não tem medo do tombo, não tem medo da rejeição, muito menos da critica, parece nem temer a punição. Ele é como um tufão de vento que quando aparece causa estrago e repele as pessoas em sua volta, mas que carrega consigo o que tiver pela frente e sem que você perceba, ele já foi e normalmente levando o que não merecia.
Ouvi dizer que são sedentos por atenção, carentes pela própria natureza, e ficam ludibriados quando ganham a razão.
 O Sem Noção tem assumido muitos cargos importantes, tem administrado cidades, comanda grandes canais de mídia, escreve livros, deleita-se na maldita inclusão digital e você aí temendo o calendário Maia, as profecias de Nostradamus, o segredo de Nossa Senhora e o lixo espacial?
Olha, eu não gostaria de ser apocalíptica, mas devo alerta-lo que essas criaturas abomináveis não só estão dominando o mundo como também pretendem acabar com ele. 
Mas ainda sim, não posso deixar de expressar o meu agradecimento por tamanha inspiração, afinal são eles que alimentam minha sede por continuar esse blog, quase tão sem noção quanto meus inspiradores... Ops!
Au revoir!

terça-feira, 20 de março de 2012

Anão não é escravo de Palhaço.


O ser humano é um grande ditador. É ele quem determina, por exemplo, que espécie animal deve ou não ter o privilégio da vida. Faz isso com a sua própria espécie também, inclusive estereotipando e determinando seus lugares na selva social. Somos inúmeros grupos distintos com suas bandeiras e certezas tão fortes quanto bibelôs de cristal.
Por incrível que pareça, eu não sou intolerante como muitos devem imaginar, muito pelo contrário. Desde que iniciei este blog todos os temas tem um tópico em geral: O respeito ou a ausência dele. Mas diante do desrespeito eu serei eternamente uma intolerante.
Contrariando a regra religiosa, também nunca acreditei que pudéssemos amar ao próximo como a nós mesmos e sim, respeitar ao próximo. Respeitar incondicionalmente alguém independente da sua raça, religião, posição social e constituição física e mental, é uma obrigação civil, além de fazer muito bem a alma.
Somos uma raça que evoluiu tanto cientificamente e tecnologicamente, mas que continua tratando anões como aberrações de circo. Hoje você nem precisa mais ir até eles porque as emissoras de televisão se encarregam de levá-los à sua casa.
Continuamos ditando, mesmo que silenciosamente, que mulher ‘não entende de nada’. As bonitas só são gostosas e se são sexualmente ativas, são vagabundas. Mas se forem mais reservadas ganharão o título de lésbicas. E as loiras então, são as piores porque além de tudo, continuam burras.
“Homem bonito é veado”... E veado continua sendo um adjetivo pejorativo.
“Japonês tem pinto pequeno”... Pinto continua sendo algo importante.
“Homem que é homem, come todas”... Virilidade ainda é uma grande qualidade masculina.
Preto ainda carrega o estigma do servir... E servir continua tendo uma conotação escravagista onde o merecimento é do senhoril. Há aqueles também que se julgam mais evoluídos e proclamam que “Preto também é gente”.
Qualquer cearense é taxado de ‘baiano’... Sendo que o Norte e Nordeste continuam a periferia mal quista do Brasil.
Rico é explorador... Como se ato de explorar estivesse interligado ao seu degrau social.
Todo gordo é preguiçoso e o magrelo continua sendo uma ruindade... Sua aparência física continua delineando seu lugar ao sol.
Ter caráter é ser otário. E em um mundo repleto de pessoas brilhantes, ser ‘o otário da situação’ não é lá uma grande vantagem.
Ah, nós humanos... Como somos pretensiosos e ditadores. Somos tão espetaculares e ao mesmo tempo retrógrados, presos em velhos paradigmas. E ai de você aí se sair do ‘meu’ padrão pré-estabelecido, tão rígido, seguro, ‘quentinho’ e tão bem estruturado que me serve apenas para manter nos eixos essa minha vida quadrada, atrasada e aparentemente tão sem nexo.
Como bem disse Marcelo Tas: “Gostar de bicho é fácil, difícil mesmo é ter generosidade, paciência e humor para lidar com os humanos”.
E eu como um grande feijão azul perdido neste enorme prato de macarrona, só gostaria de perguntar:
- “Qual será mesmo o horário para o primeiro ônibus com destino a Marte?”

That´s all folks!
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