Não é engraçado quando nos esquecemos do
que nos traz a um determinado lugar ou ação? Pois bem, esse blog só começou
porque em um momento da minha vida eu tive um perturbador e revelador insight! Eu explico.
Há mais de dez anos atrás, eu aguardava
um ônibus em uma manhã chuvosa de domingo a caminho do trabalho e você
consegue, por esse pequeno descritivo, imaginar a alegria que me dominava
naquele dia, não é? Estava acompanhada com mais oito felizardos que compunham
aquele ponto de ônibus quando de repente, fomos abordados um a um por uma
senhora, aparentando uns sessenta e cinco anos, bem disposta, com um a voz
fininha, agudinha, perguntando em que local ela poderia encontrar um telefone
para chamar um taxi. Percebi nitidamente que não se tratava de nenhuma
emergência, mas a pergunta era sempre a mesma, sem nenhuma pausa para um
respiro e por mais de oito vezes:
- “Sabe
onde tem telefone pra taxi? “ Sabe onde tem telefone pra taxi? “Sabe onde tem
telefone pra taxi?”...
O meu cérebro já
quase derretendo, tomou a iniciativa de não só pegar o meu próprio telefone,
como também ligar para um taxista com intuito de fazer aquela pequena e
insistente criatura sumir daquele meu domingo chuvoso e preguiçoso. Foi aí que
percebi algo que mudaria minha vida por completo, a consciência de que definitivamente
o mundo pertence às pessoas sem a mínima noção. Porque mesmo sem um pingo de bom
senso a pequenina mala conseguiu o que queria; chamar seu taxi. E eu, continuava
no ponto de ônibus e na chuva. Aí você
me questiona:
- Oras bolas, mas por que não pegou uma carona com a mulher? E eu te
respondo: Nem morta! Provavelmente ela me faria pagar o taxi, sem falar naquela
voz destruindo o que restara do meu cérebro...
Depois desse dia comecei a ficar mais
atenta à síndrome ‘Velhinhas do taxi’ e percebi que existia uma grande quantidade de pessoas que ganhavam ou conquistavam o que almejavam por pura
insistência, ou pela nítida falta de noção. Eles não têm a menor preocupação
com o incomodo alheio, discernimento do certo ou errado, não são dotados de
sendo crítico. Não se preocupam com etiqueta, se a ocasião exige gíria ou
português coloquial, se serão amados ou odiados, em suma, eles estão cagando
para a nossa percepção em relação a eles.
Com o tempo percebi que esse numero de alienígenas
só tem aumentado, parecem brotar do chão, se multiplicando aos montes, vejamos
o Youtube e o Congresso Nacional, lotados de pessoas com este predicado.
O interessante é que enquanto analisamos,
o sem noção captura. Enquanto planejamos, ele se arrisca. Enquanto nos
preparamos, ele se aventura. Enquanto ensaiamos, ele discursa. O sem noção não
tem medo do tombo, não tem medo da rejeição, muito menos da critica, parece nem temer a punição. Ele é como
um tufão de vento que quando aparece causa estrago e repele as pessoas em sua
volta, mas que carrega consigo o que tiver pela frente e sem que você perceba,
ele já foi e normalmente levando o que não merecia.
Ouvi dizer que são sedentos por atenção,
carentes pela própria natureza, e ficam ludibriados quando ganham a razão.
O
Sem Noção tem assumido muitos cargos importantes, tem administrado cidades, comanda grandes canais
de mídia, escreve livros, deleita-se na maldita inclusão digital e você aí
temendo o calendário Maia, as profecias de Nostradamus, o segredo de Nossa
Senhora e o lixo espacial?
Olha, eu não
gostaria de ser apocalíptica, mas devo alerta-lo que essas criaturas
abomináveis não só estão dominando o mundo como também pretendem acabar com ele.
Mas ainda sim, não posso deixar de expressar o
meu agradecimento por tamanha inspiração, afinal são eles que alimentam minha
sede por continuar esse blog, quase tão sem noção quanto meus inspiradores...
Ops!
Au revoir!